O Ministério Público de São Paulo recebeu nea quinta-feira (28) uma representação sobre as ofensas feitas pela ex-assessora especial do Ministério da Igualdade Racial Marcelle Decothé aos torcedores do São Paulo Futebol Clube. Marcelle acompanhava a chefe da pasta, Anielle Franco, no domingo (24), no estádio do Morumbi, quando a ministra assinou um protocolo de ações antirracistas com a Confederação Brasileira de Futebol (CBF). A viagem causou repercussão pelo fato de Anielle ter usado um avião da Força Aérea Brasileira (FAB) para a agenda, o que é permitido pela lei.
Durante a agenda, Marcelle publicou no perfil pessoal dela em uma rede social uma foto do momento da comemoração do time, acompanhada da legenda: “Torcida branca, que não canta, descendente de europeu safade; pior tudo de pauliste [sic]”.
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Na terça-feira (26), o ministério informou em nota que Marcelle foi exonerada do cargo na Assessoria Especial. “As manifestações públicas da servidora em suas redes estão em evidente desacordo com as políticas e objetivos do MIR [Ministério da Igualdade Racial]”, diz o texto. A pasta diz ainda que a dispensa foi para “evitar que atitudes não alinhadas a esse propósito interfiram no cumprimento de nossa missão institucional”. O R7 tenta contato com Marcelle.
Além de Marcelle, outras funcionárias do ministério teriam aparecido em publicações debochando da CBF. As declarações repercutiram negativamente, e a ministra telefonou para os presidentes do São Paulo Futebol Clube e da torcida organizada Independente para pedir desculpa.
Ameaças e escolta da Polícia Federal
Anielle Franco acionou o Ministério da Justiça e Segurança Pública para pedir escolta da Polícia Federal por causa de ameaças recebidas nas redes sociais e no email institucional desde a viagem a São Paulo.
Segundo o Ministério da Igualdade Racial, a maioria foi feita entre os dias 26 e 28 deste mês. “Os textos dos ataques envolvem xingamentos, ameaças à vida, tentativas de intimidação, prática de racismo e foram reunidos em formato de dossiê contendo os perfis, dias e horas dos envios e postagens para que municiem a investigação e posterior responsabilização dos autores”, disse o órgão, em nota.
“É muito doloroso receber ameaças de morte e violência por ser uma mulher na política e perceber que, desde a minha irmã [Marielle Franco, vereadora assassinada no Rio de Janeiro], nada mudou. Essa investigação é importante para que possamos seguir com o nosso trabalho e a construção das políticas públicas para o povo brasileiro. É para isso que eu trabalho todos os dias”, escreveu a ministra.
noticia por : R7.com