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Mortes: Pioneiro da astronomia, implantou observatórios no Brasil

Nelson Travnik desde pequeno vivia com os olhos voltados para o céu. Algo ali o fascinava já nos tempos de Petrópolis (RJ), onde nasceu. E se intensificou na infância em Minas Gerais, estado para o qual ele se mudou com a família, ainda criança.

O menino estava destinado a coisas grandes. Costumava dizer que na sua juventude não existia curso de astronomia no Brasil, era preciso se formar em física-matemática (ramo da física teórica que estuda desde simetrias até modelos integráveis na área de partículas e campos) e depois fazer mestrado e doutorado no exterior.

Travnik não tinha condições financeiras para isso, mas lembrava que morava perto do Rio de Janeiro, onde havia o Observatório Nacional e o observatório da UFRJ, que frequentava com afinco e, assim, mais tarde deixaria seu nome gravado na astronomia.

Em 1954, fundou com dois amigos o Observatório Astronômico Flammarion, em Matias Barbosa (MG). Quinze anos depois, integrou um seleto grupo de astrônomos envolvidos no programa Lion, ligado à missão Apolo-11 para monitorar e observar a superfície lunar após relatos de fenômenos estranhos que poderiam afetar o pouso de Neil Armstrong.

A mais importante observação foi uma emanação gasosa, feita, justamente, por Travnik. A contribuição brasileira aconteceu nas missões Apollo 8, 10, 11, 12 e 13. O que rendeu projeção nacional e internacional para o observatório mineiro.

Em 1976, ele foi convidado a integrar o então Observatório Municipal de Campinas, o primeiro do gênero construído no Brasil, do qual foi diretor por dez anos.

Já na década de 1980, foi um dos fundadores do Observatório Astronômico de Americana, e, em 1992, do Observatório de Piracicaba. Aposentou-se em 1996, mas continuou atuando nos três. Só deixou o de Campinas em 2011, mas se dedicou ao de Piracicaba até o final.

Escreveu livros e se tornou referência na área. Era membro titular da Sociedade Astronômica da França desde 1959.

“Ele adorava fazer brinquedos de madeira, carrinhos de rolimã com amortecedores, entre outros. Um dia, ele fez um submarino de madeira que chegou a atravessar boa parte da lagoa do Taquaral [principal parque de Campinas]”, conta o funcionário público Wieland Puntigam Travnik, filho do astrônomo.

Os dois tinham uma ligação especial. “Meu pai era uma pessoa fantástica, muito carinhoso comigo. Foi, além de pai, um amigo que eu tive desde criança até agora na fase adulta. Sempre foi minha estrela guia”, afirma.

Travnik adorava escrever artigos e receber crianças nos observatórios para difundir e popularizar a astronomia. Era apaixonado por música clássica e pela família.

No jazigo da família em Matias Barbosa, onde pediu para ser sepultado, criou um relógio de sol e escreveu “o tempo marcará nosso regresso”.

O astrônomo morreu em Campinas, no dia 7 de setembro, aos 87 anos, no hospital Centro Médico, após uma cirurgia no coração. Deixou a esposa Roza, os filhos Albert, Peter e Wieland, seis netos e uma bisneta.

coluna.obituario@grupofolha.com.br

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noticia por : UOL

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