Recentemente, as formas de fotoproteção têm se tornado mais amplas, sendo possível encontrar fotoprotetor em pó, spray, bastão, creme, gel, entre outras formulações. Mas os protetores solares faciais não são todos iguais e não proporcionam a mesma proteção.
Essa conclusão foi anunciada em um estudo científico publicado no conceituado British Journal of Dermatology, em outubro desse ano. O estudo foi liderado pelo farmacêutico e pesquisador Lucas Portilho que avaliou a quantidade aplicada dos diferentes tipos de produtos com proteção solar pelos consumidores.
As formas de protetores testadas foram: em loção, fluido, bastão, pó compacto, pancake e mousse. Após avaliação da quantidade aplicada, foram realizados estudos de fator de proteção solar (FPS) e proteção UVA. Em alguns tipos de fórmulas, como pó compacto, o resultado foi alarmante: o produto com FPS 30, quando aplicado pelos voluntários, proporciona na verdade FPS 2.
Mas como isso pode acontecer?
A resposta é simples. ” Quando um produto solar é lançado, durante o teste de eficácia, é utilizada uma quantidade padronizada do produto, porém na vida real, essa quantidade está longe de ser a mesma. O consumidor não sabe quanto aplicar, ele utiliza a quantidade que ele julga ser suficiente, mas essa quantidade raramente equivale à quantidade oficial. Por isso, a maioria dos produtos que oferece proteção solar, não entrega a proteção descrita na rotulagem”, explica Lucas Portilho.
O pesquisador afirma que alguns tipos de protetor solar não protegem a pele de forma eficiente, deixando o consumidor mais exposto à radiação dependendo do tipo de produto. “A proteção solar depende diretamente do tipo de fotoprotetor utilizado. Que o consumidor não tem nem ideia da quantidade de protetor que deve ser aplicada, isso já sabíamos; mas que as formas disponíveis no mercado variavam tanto na proteção contra radiação, isso é novidade”, afirma Lucas Portilho.
Mais de 100 voluntárias participaram da pesquisa. “Primeiro foi avaliada a quantidade real usada pelas consumidoras e, posteriormente, identificamos que a proteção solar está diretamente relacionada com o tipo de produto. Com exceção da loção facial, todos os outros veículos (tipos) apresentaram menos de 50% da proteção original, chegando em valores alarmantes, como o pó compacto, que apresentou 90% a menos de proteção”, afirma o pesquisador. As formas pancake e pó compacto foram as piores: “Não protegem nem contra raios UVB e nem contra raios UVA. As formas de bastão, mousse e fluido ficaram muito abaixo do valor declarado na rotulagem”, declara o pesquisador.
O estudo foi feito utilizando as metodologias globalmente usadas e são as mesmas empregadas pelas empresas antes de colocar o produto no mercado. “O problema é que antes de lançar qualquer protetor solar, as empresas testam o nível de proteção UVB e UVA, que são obrigatórios, mas durante esses testes, as quantidades utilizadas estão bem longe da quantidade real aplicada no dia-a-dia pelos consumidores. E elas não informam a quantidade correta para aplicação, então o resultado é uma falsa sensação de proteção”, afirma o especialista.
De acordo com a pesquisa, no geral, as pessoas usam 0,15mg/cm² de um pó compacto com proteção solar, quando a recomendação de fotoproteção é de 2mg/cm². “E alguns produtos com FPS 30 proporcionaram na aplicação real um FPS 2”, acrescenta. “Ao aplicar de forma errada um protetor, o consumidor se acha apto para se expor ao sol, o que ele não sabe é que grande parte da radiação está passando e que o DNA da pele pode estar em risco, podendo levar ao desenvolvimento de câncer de pele”, diz o pesquisador.
Qual é a conduta que o consumidor deve seguir?
Segundo o pesquisador, para garantir uma maior proteção, a primeira ação é utilizar fotoproteção na forma de loção. “Nunca utilizar protetor solar na forma de pó ou pancake como única forma de proteção. O protetor na forma de bastão, mousse e fluido somente se for com FPS acima de 50. O pó compacto e pancake podem ser usados apenas em conjunto a outros protetores, pois utilizados de forma isolada não protegem a pele”, finaliza.