MUNDO

Brics cresce com reação do Sul Global às sanções

Na capa do New York Times, “Irã se livra do status de proscrito no Ocidente” (abaixo). Ganha “amigos poderosos” ao se “juntar a Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul”. Um grupo que “não tem coerência política clara a não ser o desejo de remodelar o sistema financeiro e de governança global, para que seja mais diversificado e menos submisso à política americana e ao poder do dólar”.

No caso do Irã, “as sanções baniram o país de transações bancárias e da venda de petróleo”. Ele “se voltou para o Leste motivado pela decisão de Trump de tirar os EUA do acordo nuclear alcançado pelo governo Obama —apesar do total cumprimento por Teerã— e impor sanções”. Em seguida, “as empresas europeias se retiraram do Irã, que tem a segunda maior reserva de gás do mundo, depois da Rússia”.

Agora, “o Irã pode afirmar que os EUA não conseguiram isolá-lo e entrar com confiança nas negociações com os americanos”, que até já começaram, com um acordo “pelo qual recuperou US$ 6 bilhões que tinham sido congelados [por Washington] na Coreia do Sul”.

Financial Times, The Wall Street Journal, The Washington Post e Foreign Policy já vinham soando o alarme para a reação do Sul Global às sanções. O FT acaba de publicar extensa reportagem salientando que a lista no Tesouro “agora alcança 2.206 páginas e mais de 12.000” indivíduos, empresas, países e outros.

Ouviu de Celso Amorim, assessor de Lula: “Hoje há muito desconforto com o sistema financeiro baseado no dólar. O principal fator por trás disso são as sanções”. E de Christopher Sabatini, da Chatham House: “A extraterritorialidade está assustando os governos. Quando se tem um quarto da economia mundial sob sanções e a ameaça de serem usadas contra qualquer país a qualquer momento, isso muda o jogo”.

Agathe Demarais, autora de “Backfire: How sanctions reshape the world against US interests” (Tiro pela culatra: como as sanções remodelam o mundo contra os interesses dos EUA), acrescentou que a reação veio após o “Irã ser banido da rede financeira Swift em 2012”.

O WSJ destacou a ineficácia das sanções contra a Rússia, que levaram ao “redirecionamento sem precedentes do seu comércio para parceiros asiáticos, principalmente China e Índia”. Na Foreign Policy, citando levantamentos realizados por Princeton e Columbia, “O amor da América pelas sanções será a sua queda”.

PIX CONTRA O DÓLAR

O esforço para “desbastar o domínio” da moeda americana, sublinha o FT, não se faz só com comércio em moedas locais ou o chinês yuan. É também por causa da “explosão de novas tecnologias para pagamentos internacionais” que “começam a aparecer fissuras na outrora inexpugnável posição do dólar”. Explica:

“As potências emergentes foram rápidas com sistemas de pagamento digital, como WeChat Pay na China, UPI na Índia, Pix no Brasil ou M-Pesa no Quênia. O Ocidente está atrasado, com EUA e Europa ainda estudando a possibilidade de moedas digitais e com sistemas de pagamento dominados pela Visa e pela Mastercard.”


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noticia por : UOL

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