“Nessa questão aí [da terra], os estados não se diferenciam muito. Morre-se pela terra no Pará, na Amazônia, na Bahia, em Pernambuco, na Paraíba. Ela era uma liderança inconteste, ela era na verdade alguém que trabalhava e viveu na linha de Chico Mendes, Dorothy Stang, Bruno Pereira, Dom Phillips”, comparou o sociólogo, citando outros defensores mortos no país.
“Mãe Bernadete morreu porque contrariou interesses fortes ligados à terra, que são os donos das riquezas na Bahia. Sabemos como as riquezas da Bahia se constituiu e se constitui pelo açambarcamento de terras. É o poder da terra, todos, inclusive os urbanos”, afirmou Muniz Sodré.
“Crime tão bárbaro como o de Marielle Franco”
Uma das mais importas vozes na defesa dos direitos das comunidades quilombolas do Brasil, Maria Bernadete Pacífico integrava a Conaq (Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos) e teve seu filho, outra liderança social, também assassinado em 2017, na mesma comunidade.
Em julho deste ano, durante visita da presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministra Rosa Weber, a líder quilombola denunciou ameaças sofridas por parte de grileiros e madeireiros, e o clima de insegurança em que vivia.
Bernadete integrava o Programa de Proteção aos Defensores de Direitos Humanos, que na Bahia é executado pela Secretaria de Justiça e Direitos Humanos. Após o assassinato, familiares de Mãe Bernadete foram retirados do quilombo Pitanga do Palmares como medida de proteção.
noticia por : UOL