O fato é que a decisão desta segunda (21) impacta e reforça a narrativa de que o governo Dilma foi vítima de um golpe parlamentar em 2016, já que as acusações de pedaladas fiscais serviram de base para fundamentar o pedido de seu impeachment.
Para quem lembra e acompanhou o show de horrores em que se deu todo o processo de impeachment, desde a autorização de sua abertura, pelo então presidente da Câmara Eduardo Cunha, passando pela misoginia e violências verbais sofridas por Dilma, e toda a campanha desleal da oposição, esta decisão certamente reforça o discurso de golpe apontando desde sempre pelos governistas da época.
O impeachment levou Michel Temer ao poder. Na época, Temer assumiu a Presidência da República com a promessa de melhorar a economia e gerar empregos, entretanto, o que se viu foi a piora econômica e um aumento do desemprego. Além disso, o modelo conservador de Temer e sua linha ideológica e política preparou o terreno para a ascensão vertiginosa da extrema direita no Brasil, e que teve seu ápice na eleição de Jair Bolsonaro, em 2018.
A fragilidade da democracia brasileira segue sendo testada. Com as tentativas frustradas de Bolsonaro para dar mais golpe, aprendemos que, em uma sociedade democrática tão recente e atribulada como a nossa, precisamos manter a vigilância permanente, pois os ataques à democracia têm sido repetidos justamente pela falta de maturidade política.
Agora, sete anos após o impeachment, aquilo que já se suspeitava parece ganhar corpo e argumento mais sólido: foi golpe.
noticia por : UOL