O apresentador Fausto Silva, o Faustão, de 73 anos, está internado em um hospital paulistano com um quadro de insuficiência cardíaca. Esse é um distúrbio “em que o coração não consegue suprir as necessidades do corpo, causando redução do fluxo sanguíneo, refluxo (congestão) de sangue nas veias e nos pulmões e/ou outras alterações que podem debilitar ou enrijecer ainda mais o coração”, descreve o Manual MSD de Diagnóstico e Tratamento.
Os sintomas mais comuns são falta de ar, cansaço, acúmulo de líquidos (e consequente inchaço) nas pernas e falta de capacidade de realizar exercícios ou tarefas que exijam esforço físico.
“Insuficiências que ocorrem no lado direito do órgão costumam causar inchaço nas pernas, enquanto as do lado esquerdo causam cansaço e falta de ar”, afirma o cardiologista Marcelo Ferraz, da BP – A Beneficência Portuguesa de São Paulo.
Além dos sinais acima, indivíduos com essa condição podem sentir palpitações e dor no peito durante a atividade física.
A insuficiência cardíaca pode ser causada por diversos problemas que afetam o coração, como fraqueza ou rigidez do músculo cardíaco, doenças cardíacas, toxinas e distúrbios genéticos. O cardiologista acrescenta que outras causas do quadro podem incluir isquemias, infartos, pressão arterial elevada e miocardites provocadas pela infecção de Covid-19, assim como causas valvulares. Não foram revelados até o momento outros detalhes das causas subjacentes do quadro de Faustão.
A Associação Americana do Coração e o Colégio Americano de Cardiologia listam quatro estágios de insuficiência cardíaca:
• Estágio A — Em risco de insuficiência cardíaca: pessoas com risco de insuficiência cardíaca, mas que ainda não apresentam sintomas nem doença cardíaca estrutural ou funcional. Os fatores de risco para pessoas nessa fase incluem hipertensão, doença vascular coronariana, diabetes, obesidade, exposição a agentes cardiotóxicos, variantes genéticas para cardiomiopatia e história familiar de cardiomiopatia;
• Estágio B — Pré-insuficiência cardíaca: pessoas sem sintomas atuais ou anteriores de insuficiência cardíaca, mas com doença cardíaca estrutural , aumento das pressões de enchimento do coração ou outros fatores de risco;
• Estágio C — Insuficiência cardíaca sintomática: pessoas com sintomas atuais ou anteriores de insuficiência cardíaca;
• Estágio D — Insuficiência cardíaca avançada: pessoas com sintomas de insuficiência cardíaca que interferem nas funções da vida diária ou levam a hospitalizações repetidas.
O diagnóstico começa pelo relato dos sintomas do paciente, seguido pelo exame físico, em que é feita a ausculta cardíaca, a fim de identificar sopros. Depois, é realizado um cardiograma e exames de imagem, como raio-X de tórax, ecocardiograma, cintilografia e exames complementares, de acordo com a causa da insuficiência.
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O tratamento vai variar de acordo com a gravidade do quadro. Segundo o Manual MSD, a abordagem pode envolver dieta e mudanças no estilo de vida, tratamento da causa direta, medicamentos — incluindo vasodilatadores e diuréticos —, uso de um cardioversor desfibrilador implantável (dispositivo instalado sob a pele do peito para desfibrilar o coração em caso de ritmo anormal) e até um transplante cardíaco.
“Por exemplo, se a causa da insuficiência cardíaca for uma válvula cardíaca estreitada ou com vazamento, ou uma conexão anormal entre as câmaras cardíacas, uma cirurgia frequentemente pode corrigir o problema. O bloqueio de uma artéria coronariana pode exigir tratamento medicamentoso, cirurgia ou angioplastia com um stent coronariano. Medicamentos anti-hipertensivos podem diminuir e controlar a hipertensão arterial. Antibióticos podem eliminar algumas infecções”, explica o guia médico.
Ferraz enfatiza que é importante, também, que sejam tratadas as causas e doenças de base, como a hipertensão, e estar atento a cuidados tal qual a redução do peso, a redução do consumo de sal, uma alimentação adequada, o controle do estresse e a prática de atividades físicas.
Em um artigo intitulado “Análise epidemiológica por insuficiência cardíaca no Brasil”, publicado no Brazilian Medical Students Journal, em 2022, pesquisadores identificaram 1,21 milhão de internações por insuficiência cardíaca e 134,7 mil óbitos decorrentes dessa condição, entre 2015 e 2020.
“O perfil epidemiológico da insuficiência cardíaca no Brasil em relação à hospitalização é caracterizado por maior prevalência no sexo masculino, da raça branca e a incidência aumenta progressivamente com a idade. No entanto, os óbitos foram mais prevalentes entre as mulheres idosas e da raça branca”, observaram os autores.
O cardiologista alega que as insuficiências cardíacas podem afetar outros órgãos, causando insuficiência renal e hepática, assim como acúmulo de líquidos no pulmão. “A insuficiência cardíaca compromete toda a dinâmica circulatória, e esses órgãos são afetados pelo fluxo de sangue, que pode ser aumentado ou diminuído.”
FONTE : R7.com