A Coreia do Norte afirmou nesta terça-feira (15), quarta-feira no país asiático, que o soldado americano Travis King, detido em julho, solicita refúgio devido a “tratamento desumano e discriminação racial” nos Estados Unidos e nas Forças Armadas.
“Durante a investigação, Travis King confessou que havia decidido vir para República Popular Democrática da Coreia porque nutria sentimentos negativos em relação ao tratamento desumano e à discriminação racial dentro do Exército dos EUA”, relatou a KCNA, a agência estatal de notícias de Pyongyang. “Ele também expressou sua disposição em buscar refúgio aqui ou em um terceiro país e afirmou que estava desiludido com a desigualdade da sociedade americana.”
Esta é a primeira comunicação pública do regime de Kim Jong-un sobre a travessia de King, que cruzou no dia 18 de julho a Zona Desmilitarizada (DMZ), vindo da Coreia do Sul, durante passeio civil na Área de Segurança Conjunta (JSA). Autoridades americanas dizem acreditar que o soldado o fez de forma intencional e, até o momento, evitam classificá-lo como prisioneiro de guerra.
Segundo os norte-coreanos, King entrou no país de forma deliberada e ilegal, com a intenção de permanecer ali ou em outro país, informou a KCNA.
Lá fora
Receba no seu email uma seleção semanal com o que de mais importante aconteceu no mundo; aberta para não assinantes.
A agência estatal também informou que King foi “mantido sob controle por soldados do Exército Popular Coreano” após sua travessia e que ainda apura o ocorrido.
O tio de King, Myron Gates, disse à rede americana ABC, no início de agosto, que seu sobrinho estava enfrentando racismo durante o destacamento militar em Seul e que, após passar dois meses detido na Coreia do Sul, ele não parecia mais o mesmo. O soldado enfrentou acusações de agressão e foi multado por danificar um carro da polícia.
Até o momento, Washington afirmou que Pyongyang não forneceu respostas substanciais a seus pedidos de informações sobre King.
O Pentágono disse não poder verificar os comentários de King relatados pela KCNA e continua focado em garantir o retorno seguro do soldado ao país. A Casa Branca não respondeu imediatamente a um pedido de comentário da Reuters.
Como classificar o jovem de 23 anos tem sido uma questão em aberto para os militares dos EUA. Soldado em serviço ativo, ele poderia se enquadrar como prisioneiro de guerra, dado que os Estados Unidos e a Coreia do Norte tecnicamente continuam em guerra —o armistício entre o norte e o sul da península completou 70 anos no último dia 27.
Fatores como a decisão de King de cruzar para a Coreia do Norte por vontade própria e vestindo trajes civis parecem tê-lo desqualificado do status de prisioneiro de guerra, afirmam autoridades americanas.
A questão ocorre num momento de agravamento das tensões na região. No fim de julho, um submarino americano de capacidade nuclear atracou em Busan, na Coreia do Sul. Em resposta, o regime da Coreia do Norte disparou dois mísseis balísticos um dia depois —os artefatos caíram no mar.
noticia por : UOL