RepórterMT
Delegada disse que vítimas ainda são responsabilizadas pela violência que sofrem.
APARECIDO CARMO
DAFFINY DELGADO
DO REPÓRTER MT
Em entrevista ao RepórterMT, a delegada Jannira Laranjeira, coordenadora do Plantão de Atendimento a Vítimas de Violência Doméstica e Sexual de Cuiabá, disse que é importante que as pessoas se preocupem mais com as mulheres em situação de violência doméstica. Segundo a delegada, a vítima dá sinais de que precisa de ajuda.
“O relacionamento abusivo tem sinais suficientes para a gente conseguir mensurar o risco que essa mulher está incluída. Ela precisa tomar consciência desse risco e ser encorajada. Ela precisa estar dentro de uma rede de proteção familiar, vizinhos, trabalho. Precisamos que mais pessoas se importem e deem ouvido à fala da vítima”, disse.
>>> Clique aqui e receba notícias de MT na palma da sua mão
A investigadora relata que essas mulheres são julgadas e se tornam vítimas mais uma vez, quando é atribuída a elas a culpa que deveria ser atribuída ao agressor.
“Porque muitas vezes a gente ainda julga, a gente fala assim: ‘ela não sai porque ela não quer’, ‘olha, ela é uma pessoa esclarecida, ela é uma contadora, era uma advogada, médica, psicóloga’. Então, as pessoas acabam julgando o comportamento da vítima e não atribuindo a responsabilidade ao agressor, que causou toda essa violência”, explicou.
Jannira destaca que crimes como lesão corporal e violência psicológica, assim como os crimes sexuais, são processados como ação penal pública incondicionada, isto é, não dependem da vontade da vítima para ir adiante. Ela orienta que familiares e amigos de mulheres vítimas de violência doméstica devem agir em casos como esses.
“O que a gente precisa? É instruir o procedimento de forma a gente reunir elementos de informação suficientes para incriminar, para responsabilizar. Como eu posso fazer isso sendo família, vítima? Testemunhando, fotografando ou a própria mulher indo numa unidade de saúde e pedir para o médico fazer um relatório, relata os fatos. Se ela não fez isso, mas a família sabe que ela foi atendida numa rede de saúde após a agressão, então a família pode dizer que ela foi atendida em tal dia”, declarou.
“A polícia vai requisitar o prontuário médico. A violência deixa rastros, deixa evidencias. A mulher muitas vezes se fotografa, manda par a miga, manda para a mãe. E ela relata, ela conta para alguém. E essas pessoas, muitas vezes podem até dar um conselho, e ela não aceita e ela ainda continua dando uma chance, continua esperançosa de que aquele relacionamento, de que o agressor vai mudar, vai voltar a ser uma pessoa amável e agradável como no início do relacionamento”, concluiu.
FONTE : ReporterMT