A missão de ser pai é uma das responsabilidades mais importantes e gratificantes que uma pessoa pode assumir na vida. Ser pai, ou ser mãe, envolve muito mais do que simplesmente gerar um filho biologicamente, ou adotar os filhos que o universo lhe oferecer. Envolve acolher, cuidar, proteger, orientar, educar e nutrir o desenvolvimento físico, mental e emocional de um ser humano desde o nascimento, ou da adoção, até a idade adulta. Mas, a rigor, mesmo quando nossos filhos forem adultos, nunca deixaremos de ser pai ou mãe. Ser pai e ser mãe é para sempre.
Como pai, como mãe, sua missão é ser um modelo de comportamento positivo, oferecer suporte emocional e incentivar a autoconfiança e a autoestima do seu filho. Você deve estar presente em todos os momentos importantes da vida dele, além de entregar os recursos necessários para que ele possa ter sucesso na vida no sentido mais amplo e autêntico possível.
Ser pai é uma escolha que se faz para a vida toda. Uma vez feita essa opção, não se pode mais sair desse compromisso. Até mesmo porque quando se decide ser pai com o coração, nada mais importa, além da sua missão.
Mesmo assim, conheço muitas histórias de pessoas que se sentiram ou foram abandonadas pelos seus pais. O que eu tenho a dizer para estes filhos é uma única coisa: perdoe. Nem todas as pessoas estão com a alma preparada para ter um filho. Para ser pai e mãe presentes, é preciso muito mais do que coragem. Tenha a certeza de que antes de abandonar um filho, um pai ou uma mãe se abandona primeiro, por sentir-se fraco e incapaz de seguir em frente perante a responsabilidade de cuidar de uma nova vida.
No entanto, ser pai também envolve enfrentar desafios e dificuldades, como ajudar a criança a superar medos, estabelecer limites, ensinar valores, além de disciplinar quando necessário. A responsabilidade de ser pai é enorme e requer paciência, dedicação, compreensão e amor incondicional.
Ser pai, ser mãe, é uma ciência que se aprende na prática, ainda que com a ajuda de psicopedagogos, psicólogos, pedagogos e especialistas. É o pai e é a mãe que precisam se especializar todos os dias e exercitando a paiciência e o amor para sempre.
Eu me preparei para ser pai. Além de tudo o que pude fazer antes da chegada deles, aprendo a paternidade na prática com filhos me testando de todas as maneiras: gritando, não querendo estudar, fazendo birra, tendo crises de ciúme, tentando fugir, visitando o conselho tutelar, fazendo terapia, e assim vai…
No entanto, ser pai e ser mãe também é entender que nossos filhos não nos desafiam por maldade ou por não gostar de nós. Eles simplesmente estão aprendendo com a relação, procurando encontrar o próprio lugar no mundo – assim como nós também o estamos fazendo.
Descobri que as crianças não conseguem se expressar e, portanto, falam por meio do seu comportamento. Aprendi a ler esse comportamento na prática. Minha imersão na paternidade, durante os seis primeiros anos junto com a Maria, possibilitou que eu me tornasse um pai mais consciente e paciente, mais bem preparado para receber e cuidar também dos nossos outros quatro filhos.
Hoje entendo que o descontrole emocional da criança que chora, faz chantagem emocional, diz que não, contraria, enfrenta, grita, não é uma forma de nos agredir. Antes, é uma forma de ela nos dizer que precisa de ajuda, de carinho, de orientação, da nossa atenção e do nosso amor.
Não é o fato de não receber amor que causa dores e sofrimento, mas, sim, saber que existe amor dentro de si e não conseguir oferecê-lo aos outros.
Duda e eu vivemos na pele isso tudo, especialmente no início, com nossa Maria. Mas entendemos que não se trata de algum tipo de transtorno da criança, como muitas vezes poderia ser diagnosticado. Compreendi que ela estava apenas testando o nosso amor e procurando entender até onde poderia confiar que estaremos com ela sempre, amando-a incondicionalmente.
Acredito que todo ser humano seja dotado de muito amor, porém, nem sempre as pessoas conseguem expressá-lo. Ficam com o amor aprisionado dentro de si e acabam adoecendo por não compartilhar esse sentimento vital.
A maternidade e a paternidade são grandes oportunidades para que o amor saia da sua alma mais profunda e flua para o próximo. E isso é ótimo, porque a causa das dores e do sofrimento não é o fato de não receber amor, mas, sim, saber que existe amor dentro de si e não conseguir oferecê-lo aos outros.
Durante a nossa vida, o universo nos proporciona várias situações para que possamos amar verdadeiramente. Pode ser uma situação com nossos pais, com algum familiar, pode ser o nascimento de um filho, ter um amigo muito próximo ou mesmo estar diante de uma doença inesperada ou até de uma fatalidade. Por trás de momentos difíceis também existem possibilidades de amar. Por isso não acredite apenas no amor romântico, de contos de fadas, de um príncipe que levará a princesa para um castelo e dará a ela a vida que sempre sonhou.
Dentre todas as possibilidades de amar, ter um filho é o caminho para que o seu amor seja despertado e venha para a sua consciência. Entenda que não estou falando aqui apenas do nascimento de um filho ou do ato de colocar uma criança no mundo. Estou falando aqui daquele momento que é o seu nascimento como pai ou como mãe. Pai ou mãe consciente, presente, real que reconhece o amor que tem para dar e o faz transbordar, transformando a vida de um filho e a própria.
Geninho Goes é empresário, professor, escritor e palestrante. O artigo acima integra seu novo livro, ‘Paiciência – Lições Práticas de uma Família Inspiradora e Nada Convencional’. Recém-lançada pela editora Gente, a obra discute a importância do diálogo, da tolerância e do respeito mútuo, além de apresentar estratégias para lidar com momentos de tensão, dificuldades na escola e outras situações comuns no cotidiano familiar.
noticia por : Gazeta do Povo