VARIEDADES

Facebook Files: novos achados confirmam que FBI mentiu sobre laptop de Hunter Biden

Novas investigações do Comitê Judiciário da Câmara dos EUA evidenciaram que o FBI omitiu a existência do laptop de Hunter Biden, além de creditar o caso a uma campanha de desinformação da Rússia, mesmo sem evidências, o que ocasionou a supressão e redução do alcance de posts sobre o tema no Facebook e no Twitter em 2020.

O aprofundamento das investigações também revela possíveis conexões entre a decisão do Facebook de colaborar com os pedidos de censura da Casa Branca e a intercessão do governo de Joe Biden junto à União Europeia para desbloquear a transferência de dados de usuários europeus para servidores da rede nos EUA.

Ambas as denúncias foram recém-divulgadas pelo deputado Jim Jordan, republicano do estado de Ohio, e por Michael Shellenberger, um dos autores do Twitter Files, investigação que demonstrou intervenções para censurar conteúdos na rede que agora pertence a Elon Musk.

Jordan é membro do Comitê e está publicando as descobertas da investigação em seu perfil no X/Twitter desde o dia 27 de julho deste ano. Resumimos os últimos acontecimentos da investigação, que está sendo chamada de Facebook Files.

1 – Mentiras do FBI para suprimir conteúdo sobre o Laptop de Hunter Biden nas redes sociais 

Segundo postagens do deputado Jordan, no dia 14 de outubro de 2020, representantes do Facebook se reuniram com o agente Elvis Chan, “o principal canal entre a Força-Tarefa de Influência Estrangeira do FBI” e a Big Tech.

No mesmo dia, o jornal americano New York Post (NY Post) havia publicado a primeira matéria anunciando o caso do laptop e o agente do FBI afirmou na reunião que não iria comentar sobre o tema.

No entanto, um testemunho de Laura Dehmlow, atual Chefe de Seção da Força-Tarefa de Influência Estrangeira do FBI, afirmou que, naquele momento, a agência “reteve deliberadamente informações críticas sobre o laptop de Hunter Biden das empresas de mídia social”.

Ela ainda revelou de forma exclusiva que, antes de se reunir com o Facebook, o FBI também tinha se encontrado com representantes do Twitter. Quando os executivos da rede questionaram se o laptop era real, “um agente do FBI disse ‘sim’. Mas um segundo agente do FBI – um advogado – interveio, interrompeu-o e disse: ‘sem mais comentários”.

Segundo Dehmlow, após o ocorrido, o FBI organizou reuniões internas nas quais foi decidido que, a partir daquele momento, a resposta a quaisquer questionamentos sobre o tema seria “sem comentários” – exatamente o que foi dito ao Facebook na reunião seguinte com o agente Chan.

Jordan argumenta que, apesar da resposta, tanto Dehmlow quanto Chan, entre outros agentes, sabiam que o FBI tinha o laptop e que, portanto, ele era real. E que em consequência da omissão do FBI, três semanas antes das eleições, a maior parte dos americanos ou desconhecia a história ou acreditava que era uma campanha de desinformação orquestrada pela Rússia.

“Sabemos o que aconteceu a seguir. Twitter e Facebook censuraram a reportagem do @nypost [New York Post].  A campanha de Biden secretamente desencadeou os eventos que levaram os 51 ex-funcionários da inteligência a desacreditar a história como desinformação russa”.

Em novembro de 2022, Chan foi chamado a depor como uma das principais testemunhas no caso Missouri x Biden – que, em 4 de julho deste ano, emitiu uma liminar proibindo autoridades da Casa Branca de se comunicarem com representantes das Big Techs para falar sobre moderação de conteúdo.

Durante o depoimento, Chan negou que o FBI tivesse tratado sobre o laptop com as redes sociais em qualquer outra ocasião além da reunião que manteve com o Facebook em 14 de outubro. Ele não só omitiu a reunião com o Twitter, como também deixou de mencionar uma chamada para acompanhamento do caso com o Facebook, realizada no dia seguinte, 15 de outubro.

O agente também negou ter qualquer informação sobre o caso à época, embora o depoimento de Dehmlow afirme o contrário. Documentos internos do Facebook também alegam que ele “estava atualizado sobre o estado atual do assunto dentro do FBI”. Além disso, Chan teria afirmado em outra declaração que “não havia nenhuma evidência atual para sugerir qualquer conexão estrangeira … dos vazamentos”.

O deputado Jordan comentou que não é de se admirar que o Departamento de Justiça dos EUA tenha bloqueado os esforços do Comitê para entrevistar o agente Chan.

Relembre o caso do Laptop de Hunter Biden 

Em outubro de 2020, 3 meses antes das eleições dos EUA, o  New York Post publicou uma reportagem com e-mails retirados de um laptop de Hunter Biden que associavam seu pai, candidato à presidência dos EUA, a práticas de corrupção com uma companhia de gás da Ucrânia, a Burisma.

Um vídeo de Hunter Biden fumando crack enquanto faz sexo com uma mulher não identificada, entre outros conteúdos sexuais explícitos, também foram encontrados no HD externo que acompanhava o aparelho.

As informações foram dadas ao jornal por Rudolph Giuliani, ex-prefeito de Nova York e advogado pessoal do então presidente e candidato Donald Trump. O laptop em questão, teria sido deixado por um cliente em uma loja de computadores em abril de 2019.

Ao não conseguir localizar o cliente que havia deixado o laptop, sem nem pagar pelo serviço, o proprietário da loja reportou o ocorrido ao FBI, que apreendeu o aparelho em dezembro do mesmo ano.

O dono da loja, que é cego e que não tinha como provar se o cliente era Hunter Biden ou não, fez uma cópia de todo o conteúdo do HD que seria entregue para o advogado de Giuliani, Robert Costello, o que originou a reportagem do NY Post.

O tema foi largamente censurado pelas redes sociais sob alegações de que seria uma ação de hackers russos para intervir nos resultados das eleições nos EUA.

2 – Censura a conteúdos para intercessão da Casa Branca junto à União Europeia

Em outra linha de censura, segundo postagem de Michael Shellenberger, e-mails recém-divulgados indicam que os “executivos do Facebook sentiram pressão para cumprir as exigências da Casa Branca, a fim de resolver uma proibição da União Europeia à capacidade da empresa de mídia social de transferir os dados de usuários europeus para seus servidores nos Estados Unidos”.

Em julho de 2021, o vice-presidente de assuntos globais e comunicações do Facebook, Nick Clegg, teria pedido a seus colegas que obedecessem aos reiterados pedidos de censura de informações sobre a origem da Covid-19 e os efeitos colaterais da vacina. Segundo e-mail do diretor, a justificativa era o “peixe maior que temos que fritar com a Administração – fluxos de dados, etc…”.

O Facebook enfrentava sérias questões com a União Europeia (UE) em razão da transferência de dados de usuários europeus para seus servidores nos Estados Unidos. Para se ter uma ideia do tamanho do problema, no dia 22 de maio deste ano, a autoridade da UE multou a rede social em US$1,3 bilhão por violar seus regulamentos de privacidade, conforme reportado pelo site The Verge.

Os reguladores europeus não só estipularam um valor recorde para a multa, como também ordenaram que a rede social parasse de enviar dados de cidadãos europeus para os EUA. A medida se baseava na crença de que a transferência violava a privacidade dos usuários, uma denúncia que remonta ao ano de 2013 e às revelações de Edward Snowden sobre os massivos programas de vigilância norte-americanos.

No entanto, no dia 10 de julho deste ano, a Comissão Europeia, instituição do poder executivo da UE, adequou sua estrutura de privacidade de dados com os EUA. “A decisão conclui que os Estados Unidos garantem um nível adequado de proteção – comparável ao da União Europeia – para dados pessoais transferidos da UE para empresas americanas sob a nova estrutura”.

Shellenberger argumenta que a “série de eventos sugere um quid pro quo [uma troca]. O Facebook se curvaria aos pedidos de censura da Casa Branca em troca de sua ajuda com a União Europeia’.

Em entrevista ao autor, o professor da Faculdade de Direito da Universidade de Columbia, em Nova York, Philip Hamburger, disse que a medida foi uma violação grosseira à primeira emenda da Constituição americana e, portanto, à liberdade de expressão.

“Não apenas porque envolve o que a Suprema Corte considera ‘coerção’, mas também porque é igualmente inconstitucional o governo buscar censura por meio de contrato ou conspiração. E foi isso que aconteceu aqui”, concluiu o professor.

Até as novas revelações, a decisão do Facebook em acatar os pedidos de censura da Casa Branca era vinculada a ameaças de revogação da imunidade da rede social diante de determinadas responsabilidades, isenção garantida pela Seção 230 da Lei de Decência das Comunicações de 1996.

Segundo a Seção, as plataformas online não podem ser processadas por algo postado por um usuário, mesmo que editores façam a moderação das postagens ou estabeleçam determinados padrões.

Ainda assim, Shellenberger defende que a contenção ao fluxo de dados entre UE e EUA era uma “ameaça ainda mais urgente para os negócios do Facebook”, dado que a venda de anúncios na Europa remonta a US$1,2 bilhão, ou 10% do total de publicidade da rede.

Apesar das alegações, algumas questões permanecem obscuras: “por que os líderes da UE fecharam um acordo com a Casa Branca de Biden para permitir que a Meta transferisse dados para os Estados Unidos? Embora esteja claro o que o Facebook e a Casa Branca ganharam com o quid pro quo secreto, o que a Europa ganhou?”, questiona Shellenberger.

A continuidade das investigações é fundamental para responder a essas e tantas outras indagações. O deputado Jim Jordan confirmou em suas redes que seguirá com os esforços para lutar contra o complexo industrial da censura montado pelo governo Biden e para proteger a primeira emenda.

Enquanto isso, o deputado disse em entrevista à Fox News, em 8 de agosto, que espera que o Facebook não esteja mais recebendo “pedidos” de censura da Casa Branca, em razão da liminar do caso Missouri x Biden.

No entanto, essa decisão não está garantida. O governo Biden recorreu e irá à corte nesta quinta-feira (10) para argumentar em seu favor.

Em resposta ao governo, os republicanos do Comitê, incluindo Jordan, endereçaram um amicus [instrumento legal no qual partes não envolvidas fornecem informações para a corte sobre determinados casos] em favor da manutenção da liminar, no qual listam algumas das evidências já encontradas pelo Facebook Files.

noticia por : Gazeta do Povo

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