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Bairros da periferia de SP são os menos atendidos em programa de recapeamento

Bairros da periferia das zonas norte, leste e sul de São Paulo têm as menores áreas recapeadas em programa da prefeitura iniciado em junho do ano passado para renovar o asfalto de ruas e avenidas.

Levantamento feito com base em dados oficiais mostram que as subprefeituras de Perus, Sapopemba, Cidade Tiradentes, Guaianases e Parelheiros não chegam a 30 mil m² de vias recapeadas cada uma, enquanto a Mooca, que lidera o programa, tem 482,5 mil m² de obras realizadas até o último dia 4.

A campeã de recapeamento é seguida por Santo Amaro, Pirituba, Vila Mariana e Lapa, que juntas somam 200,3 mil m² ou um terço de toda área recapeada na cidade. Em pouco mais de um ano, a prefeitura reformou 296 trechos.

O programa de recapeamento tem sido explorado por propagandas institucionais na TV aberta há alguns dias. Em uma das sequências, as imagens das máquinas em operação são sobrepostas por locução que informa os dados dos investimentos.

No orçamento deste ano, a administração do prefeito Ricardo Nunes (MDB) previu R$ 658,1 milhões à , valor 28,7% maior do que o orçado no ano anterior para o mesmo serviço. Na comparação com o último ano da gestão anterior do então prefeito Bruno Covas (PSDB), em 2020, representa o dobro. Naquele ano, o orçamento com recapeamento foi de R$ 298,7 milhões em valores corrigidos pela inflação.

Em nota, a prefeitura afirmou que os critérios para escolha das vias a serem atendidas pelo programa incluem volume de tráfego, deterioração do asfalto, demanda de transporte público, histórico de conservação e demandas da população.

Turbinar obras de recapeamento meses antes das eleições é uma prática recorrente em gestões municipais. Na época do lançamento, o programa de recapeamento em curso foi anunciado como “o maior da história para a recuperação asfáltica da cidade”. Com previsão de recuperar o asfalto em 100% das vias da cidade, o programa foi orçado em R$ 1 bilhão.

O Executivo teve dificuldades em aprovar o edital do programa uma vez que o TCM (Tribunal de Contas do Município) barrou as tentativas de executá-lo desde o fim de 2021.

Para cumprir a promessa até 2024, último ano da gestão Nunes, cerca de R$ 329 milhões do orçamento que estava previsto para a construção de terminais de ônibus neste ano foram destinados à Operação Tapa Buraco.

Para o engenheiro João Merighi, especialista em asfaltamento, o critério para recapeamento deve ser proporcionar a melhoria da acessibilidade a todos que vivem na cidade e, portanto, não deve ter como prioridade, por exemplo, o volume de tráfego. “Nas periferias, o trânsito é supostamente menor por causa do baixo poder aquisitivo da população, o que não deveria influenciar na decisão da prefeitura sobre quais vias devem ser recapeadas”, diz.

Ele afirma que o material usado para asfaltar avenidas onde há tráfego de ônibus é o mesmo de ruas que recebem menos veículos e, portanto, o tipo de transporte não deveria considerado como critério de prioridade.

“A gestão deve ter um plano de conservação, manutenção e de restauração do asfalto independente de quem está à frente da gestão”, diz o especialista.

Segundo ele, cada recapeamento deve ter validade de oito a dez anos e, se há necessidade de ser refeito com frequência menor, é sinal de que houve falha na execução dos serviços.

Juntamente com os gastos com obras de zeladoria, a gestão Nunes despendeu a maior cifra da prefeitura paulistana com publicidade desde 2010. Dados oficiais apontam que o atual prefeito gastou R$ 223,7 milhões em propaganda institucional ao longo de 2022. Somados os dois primeiros anos de mandato, a conta chega a R$ 385,2 milhões.

Sem uma marca própria, e alçado ao posto de prefeito em 2021 após a morte de Covas, de quem era vice, o ex-vereador busca aumentar sua popularidade entre o eleitorado paulistano de olho na reeleição. Ao ser questionado sobre isso, Nunes costuma negar o esforço para se tornar mais conhecido. No fim de junho, porém, ele foi submetido a uma superexposição na TV aberta em propagandas partidárias do MDB.

Como a Folha mostrou, o chefe do Executivo estabeleceu como uma das prioridades agilizar a entrega de mais 116 mil residências para população de baixa renda até o final de 2024. Até agora, ele conseguiu inaugurar 6.291 unidades.

A meta equivale a um terço do déficit habitacional na capital, estimado em 369 mil domicílios. Se for alcançada, será uma vitrine estratégica para a sua gestão, sobretudo num pleito na qual o principal concorrente, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), tem a moradia social como bandeira.

noticia por : UOL

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